
Por Ribeiro Pedreira
Quem vê a circunspecção do olhar que habita o rosto estampado na capa do disco não avalia a leveza aveludada da gravidade vocal e a agilidade dos dedos que deslizam sobre as cordas do violão de Paulo Gabiru. Não imagina a densidade da sua “Razão”, contrapondo-se à doçura instigante da sua “Cantiguinha”. Gabiru está para além dos limites da chamada “cantoria”, apesar da existência (aqui e ali) de características desta modalidade, neste “Renascença”. Suas canções singram o Velho Chico, profanando ladainhas, seja numa “Cidadinha” ou num pomar imenso em meio à “Avenida Paulista”.
Evocam uma poesia que vem de dentro, vem suave, adentrando as portas encostadas dos corações. Evocam também uma malícia felina, ao testemunhar que “em festa de gato, malandro vai de sapato de pano”. Tem o vigor que afirma Assis Mello, no encarte do disco, “Esse lirismo suave tem uma força tremenda, parece que a índole doce do cantor enfrenta as intempéries das dores e permanece altiva apesar dos diabos.” Gabiru, portanto não é um cantador. É, antes, um encantador, um mestre no mais profundo significado da palavra!
valeu, meu querido!!!